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CASA DO CAVALO BAIO

A Casa do Cavalo Baio, construída na década de 1870, é um dos marcos históricos de Araucária (PR). Originalmente residência da família Suckow, imigrantes alemães, o imóvel também funcionou como espaço comercial e ponto de descanso para viajantes entre Araucária, Curitiba e Lapa.

Em 1944, passou à família Charvet, que implantou na região as fábricas de tecidos São Manoel e São Patrício. A casa serviu como pousada para funcionários solteiros, enquanto famílias de trabalhadores ocuparam uma vila operária construída pelos proprietários. Com o tempo, o local abrigou ainda um armazém e, posteriormente, o escritório de advocacia de Maria Luiza Charvet, após reformas na década de 1970.

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Cópia de Casa do Cavalo Baio - Profice (4).png

O nome “Casa do Cavalo Baio” surgiu em referência a Rex, cavalo de pelagem baia adquirido por Alfred Charvet e que se tornou conhecido na região. Em 1978, diante do risco de demolição para obras viárias, o imóvel foi tombado como Patrimônio Cultural do Estado do Paraná.

Hoje, sob os cuidados de Fabienne Charvet, a Casa recebe visitas guiadas, atividades culturais e abriga em seu porão um bar musical, mantendo viva a história que atravessa gerações. Em 2023, a Casa do Cavalo Baio foi tombada como patrimônio do município de Araucária, reforçando seu valor histórico e cultural. O imóvel passa por um processo de restauro, garantindo a continuidade de sua história e memória para as próximas gerações.

DOCUMENTÁRIO

A HISTÓRIA DA CASA DO CAVALO BAIO

A construção da Casa do Cavalo Baio data da década de 1870, originalmente destinada a servir como residência da família Suckow, imigrantes alemães que se estabeleceram na região. Além de cumprir função habitacional, o imóvel também desempenhou papel comercial, servindo como espaço de trocas e vendas de mercadorias, em sintonia com o crescimento urbano da cidade. Registra-se que o projeto da edificação teria sido idealizado por Walter Joslin, cidadão britânico reconhecido por sua atuação visionária na região. Entre suas contribuições destacam-se a construção das antigas pontes de madeira sobre o Rio Iguaçu — anteriores à instalação das Pontes Metálicas — e a responsabilidade pela conservação da Estrada do Imperador, via que conectava Curitiba à cidade da Lapa. A família Suckow permaneceu na propriedade por muitos anos, até que, em determinado momento, ocorreu a sua venda. Em 1944, o imóvel passou a pertencer à família Charvet, formada por Alfred Charvet e Maria Luiza Charvet, conhecida como Madame Charvet, conforme o tratamento tradicionalmente utilizado na cultura francesa. A nova família proprietária tinha planos de instalar uma fábrica de tecidos na região. A empresa do casal, sediada em São Paulo, enfrentava dificuldades para importar matéria-prima da França em decorrência dos impactos da Segunda Guerra Mundial. Reconhecendo que a região contava com mão de obra de imigrantes poloneses, familiarizados com o cultivo de linho, a família Charvet optou por instalar inicialmente, em Araucária, a empresa São Manoel. Diante dos resultados positivos, foi fundada também a empresa São Patrício. A residência adquirida pela família não foi utilizada como moradia própria, mas destinada a servir como pousada para os funcionários solteiros que trabalhavam nas fábricas. Para os colaboradores que possuíam família, foi construída uma vila operária, garantindo, assim, a permanência e a disponibilidade de mão de obra local, já que muitos trabalhadores residiam em áreas distantes e não tinham condições de deslocamento diário. A propriedade tornou-se, com o tempo, um ponto de parada e descanso para pessoas em trânsito entre Araucária, Curitiba e Lapa. Próximo à casa havia ainda um pasto, onde os animais podiam repousar durante essas jornadas. Durante determinado período, a propriedade abrigou um armazém que comercializava produtos a preço de custo, destinado exclusivamente aos funcionários das fábricas. Posteriormente, o imóvel foi arrendado ao senhor Belarmino Costa, mantendo a função de armazém, agora aberto ao público em geral. Essa atividade permaneceu até meados da década de 1960, quando a família Charvet encerrou suas atividades na região. Nos anos seguintes, o espaço continuou a servir como moradia para antigos funcionários e suas famílias, preservando o vínculo histórico com a comunidade local. Entre os vizinhos mais presentes destacava-se Aristides Ferreira, conhecido popularmente como Seu Aristides, amigo da família Charvet e figura reconhecida na cidade. Aristides Ferreira nasceu em Curitiba em 30 de dezembro de 1913 e mudou-se para Araucária em 1937. Atuou como goleiro do Araucária Futebol Clube, foi servidor da Prefeitura Municipal, exercendo funções como coveiro e zelador da praça central, além de integrar uma banda de músicos locais. Em determinado momento, o senhor Alfred Charvet adquiriu um cavalo chamado Rex, cuja presença marcou a história da propriedade. O animal possuía pelagem baia, caracterizada por pelos em tom amarelo-claro e crina branca, o que chamava a atenção de todos na região. Por sua elegância e comportamento altivo, tornou-se conhecido localmente, e a residência passou a ser popularmente chamada de “Casa do Cavalo Baio”, denominação que se consolidou ao longo do tempo. Na década de 1970, o imóvel passou a abrigar o escritório de advocacia de Maria Luiza Charvet, então proprietária. Nessa época, a casa também servia de moradia para sua mãe, Dona Yvonne, e para sua filha, Lizou. Para atender a essa nova função, a residência foi submetida a uma ampla reforma interna, mantendo, contudo, suas características originais externas. O resultado foi um ambiente aconchegante, que chegou a receber até mesmo uma lareira. Apesar dos investimentos realizados, havia um projeto do poder público para o prolongamento da Avenida Archelau de Almeida Torres, cujo traçado passava exatamente sobre a propriedade, prevendo sua demolição. Foi então que Maria Luiza Charvet apresentou uma proposta que se tornaria decisiva para a preservação da casa. Ao constatar a relevância histórica da residência para a região, identificou-se a possibilidade de proteção oficial do imóvel. Em contato com a Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, foi promovido, em caráter de urgência, o processo de tombamento, concluído em dezembro de 1978. A partir de então, a Casa do Cavalo Baio passou a integrar o Patrimônio Cultural do Estado do Paraná, garantindo a preservação de sua memória e arquitetura. Em 2023, a Casa do Cavalo Baio foi tombada como patrimônio do município de Araucária, reforçando seu valor histórico e cultural. Atualmente, a gestão e conservação da propriedade estão sob responsabilidade de Fabienne Charvet, filha caçula de Maria Luiza e Alfred Charvet. Além de zelar pelo patrimônio, ela realiza visitas guiadas que atraem público interessado em conhecer a história da casa e em desfrutar do porão, atualmente adaptado para funcionar como bar musical. Neste momento está em andamento a primeira etapa do processo de restauro, que dará continuidade à preservação desse importante marco histórico.

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